PROTESTO – Belém: o fato em fotos
PROTESTO – A análise de Fernando Rodrigues
De
Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo,
sobre o jovem e espontâneo protesto que varreu o Brasil, nesta última
segunda-feira,
17. A análise também pode ser acessada pelo seguinte link:
18/06/2013 - 05h20
Análise: Movimento está
divorciado dos políticos tradicionais
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Os
milhares de manifestantes que marcharam ontem nas ruas de grandes
metrópoles
estão divorciados dos grandes partidos políticos.
Nenhuma
legenda conseguiu ainda capitalizar a seu favor os protestos. Por essa
razão,
torna-se imprevisível o desfecho do movimento. Pode resultar em algumas
mudanças ou dar em nada.
Até o
início da noite de ontem, apesar da invasão da cobertura do prédio do
Congresso
Nacional, o nível de violência havia caído em relação aos dias
anteriores.
É um
sinal de que talvez novos líderes estejam surgindo e exercendo
influência.
Esse é
o primeiro passo para que um movimento espontâneo se torne orgânico.
Só que
até agora não há vasos comunicantes com o establishment da política. Dos
quatro
principais pré-candidatos a presidente em 2014, três são de agremiações
tradicionais --Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos
(PSB).
A
última vez que estiveram a favor de um ato público de alguma magnitude
foi em
1992, contra o então presidente Fernando Collor.
Já a
pré-candidata à Presidência Marina Silva, que está organizando a Rede, é
a
única cujo discurso flerta com os manifestantes.
Assim
como ela, os que marcham não apresentam com grande clareza propostas do
ponto
de vista prático. Apenas querem um mundo melhor.
Seria
arriscado para Marina se aproximar dos manifestantes e tentar faturar
algum
apoio para o seu novo partido. Movimentos horizontais e espontâneos
tendem a
rejeitar essas abordagens.
Dilma,
Aécio e Eduardo Campos teriam ainda mais dificuldade. Há, portanto,
tendência
não desprezível de os protestos ficarem órfãos por algum tempo de um
representante político. Até despontar um nome novo.
Nunca
é demais lembrar que, em 1988, ninguém sabia quem seria eleito
presidente no
ano seguinte. Mas havia uma insatisfação difusa no Brasil. As pessoas
pareciam
insatisfeitas com tudo, ainda mais com a hiperinflação.
Emergiu um político alagoano desconhecido, jovem, cuja proposta principal era combater a corrupção e os marajás. Fernando Collor de Mello ganhou o Palácio do Planalto em 1989 com amplo apoio das ruas. Caiu em 1992 da mesma forma.
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