QUEDA DO JATO
Caixa-preta: entenda como falha complica investigação de acidente com Campos
A investigação do acidente com o Cessna 560 XL teve um duro golpe nesta sexta-feira (15), quando o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) descobriu que não poderá contar com as gravações de voz da caixa-preta. “Trata-se de uma perda lastimável para a investigação e fará com que o pessoal tenha um caminho bastante complicado para esclarecimento dos fatos. Às vezes, sem a caixa-preta, nunca se esclarece completamente”, explicou o Coronel da reserva Antonio Junqueira, que tem 38 anos de experiência em segurança de voo e foi chefe do Cenipa. Atualmente, ele é professor de aviação em Brasília.
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Em nota, a FAB garantiu que a falta da caixa-preta não inviabiliza a investigação e que essas informações não seriam "imprescindíveis para a identificação dos possíveis fatores contribuintes". No entanto, Junqueira esclarece que, a partir de agora, os peritos terão que seguir uma linha mais empírica de investigação, ao analisar componentes do avião um por um, além de avaliações dos aspectos humanos da tripulação por hipóteses. “O gravador auxilia a direcionar a linha investigativa. A partir dos dados coletados, é eliminada uma série de possibilidades e são buscados outros fatores contribuintes. Por isso, é tão importante encontrar a caixa”. As equipes do Cenipa dividem-se em três grupos: investigadores dos fatores humano, material e operacional.
Gravador inoperante
O laudo do laboratório da Aeronáutica, ao não detectar gravações do último trecho do trajeto do avião, indica uma pane operacional no equipamento. O problema pode ter sido detectado pelos pilotos da aeronave ao fazerem uma espécie de check list antes da decolagem, onde se decide “go” ou “no go” (decolar ou não). Não há informações até o momento de quando é a última gravação e por quanto tempo a tripulação decidiu voar com o gravador inoperante.
Nesse tipo de avião, há obrigatoriedade apenas dogravador de voz. O outro gravador, o de dados, só é obrigatório para aeronaves a partir de 28 passageiros. A empresa Andrade, de Ribeirão Preto, operadora da aeronave, não se manifestou ainda se tinha conhecimento do problema. A reportagem do Portal EBC não conseguiu contato com a empresa.
Na rotina da aviação civil, esse tipo de problema ainda que não comunicado pode ser detectado pelas oficinas credenciadas pela Anac que deixam a aeronave regular ou não para voo. A não obediência pode causar prejuízos e punições para a operadora. Segundo a agência reguladora, na última checagem o avião estava em condições regulares.
A caixa-preta
O equipamento disponível no Cessna 560 XL, o gravador de voz, conta com quatro microfones, dois ligados à comunicação de cada um dos pilotos, e outros dois espalhados pela cabine do avião. Além de registrar a comunicação entre os pilotos e dentro do avião, traz também as informações com o controle do tráfego aéreo em terra. “Quando há pane na caixa-preta, pode ser motivada por um problema de sincronização entre os horários do equipamento com o do avião. Pode também ter havido uma anomalia no gravador apenas no último trecho do voo, o que, no caso, seria uma horrível coincidência”, considerou Antônio Junqueira.
Ele explica que o equipamento é retirado periodicamente para manutenção e é possível que os pilotos deletem a gravação da memória superficial. “Mas o Cenipa identificaria se houvesse um apagamento proposital, e os dados poderiam ser recuperados”. A caixa-preta funciona de forma automática cada vez que é ligada a bateria da aeronave.
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